quinta-feira, 5 de maio de 2011

INSTINTO IN THE FIRE

Eu sou a poesia no tempo,
poesia no espaço.
poesia no vento
poesia de aço
poesia de fogo
poesia do povo

poesia nua vestida de nada
cheia de tudo, que sinto que tento
que penso que faço que passo no mundo

Recheada de tudo, revestida de nada
Sem cor sem cheiro sabor sem cara

sem ordem; gramática dramática
metáfora nem matemática dramática
em nome da tática da arte

Vazio completo, conteúdo, flores e normas
multiforma da vida as cores
Multiflores da vida as sobras,
mas nunca normas as flores,
nem de graça novas dores
e nunca as mesmas velhas formas

por que mata, e agora é só vinho na taça
e tu bordas no barril do desejo a bordo
dentro do meu navio das palavras, transbordo.
transbordas no rio meu, eu. Meu modo.
teu disfarce, desfaça

mar que por você passa,
eu cheio você ex-vazia, esvazio
bebi toda a tua agonia,
na última ceia

o teu conteúdo no teu ceio
primeiro, bebi tudo
bebi sua farça
falaça
falastes:
na taça
desvendaram as
minhas faces

Sou fogo luz e lua,
to queimando tudo dentro dela

iluminando sua janela.
E quem sabe, se nesse momento
quando lês tais palavras
estou eu abrindo as tuas

que luz que fogo que lua
é a tua? a rua.
que lua que fogo que luz
é a minha? o sol.
o sol do instinto é tua nação
cerol sem anzol, cerol sem razão

o instinto do sol é meu destino
instinto figurativo: feminino
intuição de fogo direção que caminho
desde menino: desatino

de noite quando o dia dorme
pesco a luz do sol com meu farol
e faço de isca a lua,
sem se quer usar anzol
sem se quer andar na rua.

cada rio faz caminho
cada um é girassol
um e cada é sozinho
eu sou fogo e puro sol
meu caminho é de um rio
que se chama arrebol

(Anderson Jones)

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